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Crônica
Crônica

Passou vinte centavos. Queremos menos!

                              O pequeno aumento nas passagens do transporte. Um grande estopim.

                              Daniel Sérgio

                “Pelas ruas marchando indecisos cordões”.  Os anos sessenta, com toda a sua agitação , seja  na política, na cultura, na formação social do povo, representou um marco importante na história recente do Brasil. Os festivais de música popular, eram a oportunidade que muitos jovens, da então classe média tinham para demonstrar toda a sua irreverência, o desejo de introdução de novos hábitos à sociedade.  Tinha de tudo um pouco, no teatro Record da Brigadeiro, na capital paulista. Desde o bem comportado “Chico”, com ar de menino “mauricinho” , passando pela rebeldia doida do Caetano, Gil e da Rita.  Até o estilo “Che Guevara” do Geraldo  Vandré, cantando  a sua Aroeira, de chicote na mão. Anos felizes, sem dúvida para quem os viveu.

     Mas, a repressão também imperou. Interesses diversos, partindo de muitos setores. De dentro e de fora do país, fizeram com que o Brasil perdesse, uma  certa  liberdade democrática . A alegria dos festivais, da  Jovem guarda e o iêiê do Roberto e sua turminha. Acabaram cedendo espaço, para o sisudo ministério militar, que  ia para a televisão, em branco e preto, anunciar que era proibido tudo (ou quase tudo).  Esqueceram de que “É proibido proibir” como bradou um bom baiano Caetano Veloso.  Por causa disto foi convidado a passear em Londres. Outros não tiveram a “mesma sorte” do Caetano e morreram. Até hoje, as famílias choram, pelo destino triste  e sinistro de seus membros. Foi criada, tempos depois  a Comissão da Verdade, para reparar (ou tentar) reparar, os excessos cometidos  àquela época.

 

        A volta das passeatas

 

      Agora no século vinte e um,  quando a nova geração parecia embriagada com tanta tecnologia, com tanta informação (  muitas inúteis), com “joguinhos” de computador e tablets, que mais parecem uma forma (ou mais uma forma) de ludibriar as pessoas. Eis que me surpreendi  com a volta das passeatas, do povo  às ruas. Como no passado, as reivindicações parecem as mesmas. Punição aos corruptos, combate às injustiças sociais, por mais investimentos em educação, saúde, etc. Talvez a novidade, foi  a inclusão nas reivindicações pela tarifa zero no transporte público. Se bem que, até ela (tarifa zero) já esteve presente em manifestações no passado. Senão vejamos: No começo da década de 90, em Campinas, me lembro de estudantes que saíram para a rua, pedindo pelo passe-livre. Claro que o diferencial desta vez foi o grande número de pessoas. Sem dúvida, o movimento cresceu, ganhou muita força mesmo. Tanto que, pela pressão vinda da “voz rouca das ruas”, governadores e prefeitos por todo o país começaram a voltar atrás e rever aumentos no preço das passagens. Vitória do povo? Talvez .Mas , penso que  foi muito mais com a intenção de dividendos eleitorais e midiáticos que fizeram com que os políticos tomassem tal atitude. Opinião pessoal do cronista. Respeito qualquer outra ideia.

    Agora, podemos afirmar sem medo de errar, que todas estas passeatas que coloriram o Brasil e chamaram a atenção da imprensa e mídia internacional. Mostra ao povo, que o caminho para melhorar a vida, é pela manifestação. Pela participação consciente das pessoas. De  forma ordeira e pacífica. Com toda  a energia que é própria da juventude , mesclada com a sabedoria dos mais vívidos. Protestar, sair para as ruas sim. Mas, de cara limpa e aberta. Como aliás  reza a Constituição brasileira. Não se esconder por de trás de máscaras e  cobrir o rosto, para praticar atos de destruição de patrimônio.  Seja ele público ou particular. Também é condenável a atitude de agressão aos jornalistas. Eles estão acompanhando os protestos, trabalhando  e certamente ao lado dos participantes. É uma ideia infeliz agredir os profissionais da imprensa e mídia. Atitudes dos proprietários das empresas de comunicação, não podem servir de pretexto a agressões banais e idiotas. Perdem a razão quem agir desta maneira. Inteligente é trazer a mídia para defender as bandeiras de luta.

    No mais, quero deixar aqui todo o meu sentimento de orgulho desta nova geração pela atitude tomada. E reafirmar que tudo apenas começou. Muito ainda será necessário fazer, lutar. Até a construção, de fato de um Brasil sem corrupção e de oportunidades igualitárias para todos os seus cidadãos.

   “Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer.” Mas, deve ser cantado  agora no ritmo de “funk” ou “rap”. Ou quem sabe do sertanejo universitário. Vandré que me desculpe. Mas, será por uma causa nobre.